«O Estrela não desapareceu...»

Publicado no jornal “Record”, esta quinta-feira, 11 Fevereiro, na rubrica de opinião «Escrevem os leitores», o Tiago Dias de Almada, Estrelista dos quatro costados.

«Desde muito novo que aprendi a gostar do Estrela da Amadora. Posso dizer que sigo este clube há 23 anos. Tenho 29! A maior parte da minha vida foi feita a tentar saber coisas do clube. Gritar nas vitórias, ficar triste nas derrotas e exultar quando vencíamos equipas de maior nomeada! Foi um orgulho imenso ir ao Jamor e ver um estádio cheio, com apoiantes de equipas ditas pequenas! Tenho na memória ir para as imediações do Estádio José Gomes e ver milhares de pessoas "abraçadas" por um único objetivo: parabenizar e felicitar os nosso heróis! Talvez tenha sido aí a queda do Estrela. Sonhámos com coisas impossíveis. Quiseram fazer deste pequeno clube, um clube (demasiado) "grande".

Mas, ao longo dos anos, vi que o Estrela era uma equipa respeitada, quer pela sua formação, quer pelas suas equipas lutadoras, quer pelos seus adeptos, que tendo o único estádio sem vedação, nunca provocaram problema algum. Era normal ir à Amadora e ver no estádio mais de 15 mil pessoas por jogo e agora... provavelmente nem 1% disso. O que terá acontecido? Será que as pessoas desapareceram? Deixaram de gostar do Estrela? Não acredito!

O Estrela será, acredito, dos clubes que reúne mais simpatia entre os adeptos do futebol! Quantos grandes nomes passaram pelo Estrela! Rui Águas, Chalana, Abel Campos, Vata, Calado, Abel Xavier, Jorge Andrade, Duílio, Melo, Gaúcho, Rebelo, Ricky... entre tantos outros! Havia orgulho em vestir a camisola do Estrela! E agora? Existe receio, descrédito. Enfim... muitas coisas que me fazem ficar triste. Não deixei de ir apoiar o Estrela ao Estádio. Não desisti! Acredito que o Estrela voltará a ser "grande" e acredito que o nome do Estrela da Amadora deixará de andar a ser arrastado na lama por causa de um número de pessoas que ou por falta de conhecimentos, ou por interesse, deixaram que o clube chegasse a este ponto.

Fico triste pela comunicação social só se interessar pelos clubes mais pequenos, somente quando acontecem problemas. Custa comprar um jornal desportivo (qualquer que seja ele) e ver que os ditos grandes ocupam mais de metade do jornal com todo o tipo de informações, muitas delas fúteis e sem valor "jornalístico"! Acho que serão os meios de comunicação social, um dos principais culpados pela distância que existe entre os grandes e os mais pequenos. Existem pessoas que só têm um clube, como eu, que só sou do Estrela! Haverá pessoas do Farense, do Boavista, do Salgueiros, do Tirsense, do Moreirense. Parece que estes clubes por estarem em divisões inferiores, já não merecem figurar nos jornais... porquê? Não haverá jogadores com enorme valor nestes clubes? Não haverá histórias que merecem ser contadas? Será que não haverá notícias "publicáveis" que não sobre os problemas financeiros destes clubes?

Há um problema muito grave no futebol português! Os pequenos serão sempre pequenos, por mais que lutem para se levantarem, há sempre entidades que parece que querem que estes clubes desapareçam! Porque é que não deixam o Estrela inscrever juniores? Fazem parte do clube. O Estrela tem no plantel principal, cerca de 16 heróis, que não desistiram e lutam domingo a domingo pela camisola do Estrela! E depois há clubes grandes que pagam milhões e milhões por jogadores desconhecidos e pagam-lhes centenas de milhares de euros de ordenado. Ordenados esses que até davam para pagar a um plantel inteiro de um clube destes!

Fico triste com isto tudo. Ver o clube que aprendi a gostar a desaparecer aos poucos, a ser falado pelas piores situações sem haver quem tenha coragem de colocar este(s) clube(s) no lugar que merece(m)! Tantos jogadores importantes que por aqui passaram e nenhum disposto a ajudar, a dar a cara pelo clube, mais que tudo, tentar que o clube tenha um pouco mais de crédito!
Força Estrela! Voltarás a ser Grande... para mim nunca o deixaste de ser...»

Caro consórcio, junta a tua força à nossa, muitos seremos poucos, mas com vontade de inverter esta situação.

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